Tragédia na Igreja São Francisco: Um Alerta para a Preservação do Patrimônio Histórico – Coluna Euvaldo Jorge
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Até quando o Brasil terá que suportar acidentes fatais como o que ocorreu na Igreja São Francisco, em Salvador? Uma jovem turista de 26 anos perdeu a vida quando o teto do templo desabou. A igreja, um dos mais importantes patrimônios históricos e culturais da cidade, é administrada pela Ordem Franciscana, mas a responsabilidade pela preservação cabe ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura.
A tragédia levanta questões urgentes sobre a manutenção de prédios tombados. Quantas outras igrejas e construções históricas estão à beira do colapso? Em Salvador, não é raro ver prédios históricos sendo escorados pela prefeitura para evitar desastres. A falta de investimento em preservação é evidente, e o resultado é a degradação de um patrimônio que deveria ser protegido.
A Bahia, que frequentemente lidera rankings negativos em homicídios, pobreza, analfabetismo e desemprego, também sofre com a negligência em relação ao seu patrimônio cultural. Projetos prometidos há anos, como a ponte Salvador-Itaparica e o VLT no subúrbio, continuam no papel. Enquanto isso, a Igreja São Francisco, conhecida mundialmente por sua decoração em ouro, está em estado de abandono.
O presidente Lula, em entrevista à Rádio Metrópole, criticou a falta de investimento em bens tombados, sugerindo a transferência de responsabilidades. No entanto, a fala foi mal recebida por técnicos e especialistas, que apontam a ausência de ações concretas do governo federal para a preservação desses patrimônios.
A situação da Igreja São Francisco é emblemática. Segundo relatos, a Ordem Franciscana já havia alertado o Iphan sobre rachaduras no teto, mas nada foi feito. O desabamento resultou na morte de uma jovem que veio conhecer Salvador, uma tragédia que poderia ter sido evitada.
Este caso serve como um alerta para que outros estados e municípios realizem inspeções urgentes em igrejas e prédios históricos. A preservação do patrimônio cultural não é apenas uma questão de memória, mas de segurança pública. A morte de uma turista dentro de uma igreja tombada é inadmissível e expõe a negligência das autoridades.
A Polícia Federal investiga o caso e não descarta a possibilidade de responsabilização criminal. Enquanto isso, esperamos que o governo federal, por meio do Iphan, tome medidas imediatas para evitar novas tragédias. O patrimônio histórico é um legado que deve ser preservado, mas, acima de tudo, a vida humana é insubstituível.
É hora de agir. Antes que mais vidas sejam perdidas e mais patrimônios sejam destruídos, é preciso investir na preservação e na manutenção desses tesouros culturais. A tragédia na Igreja São Francisco não pode ser em vão.