No coração do Boca da Mata, bairro de Salvador, vive uma mulher cuja história se confunde com a própria memória da comunidade. Ana Reis, carinhosamente conhecida como vovó Ziza, é um verdadeiro patrimônio afetivo do bairro — uma centenária que, mesmo depois de atravessar um século de vida, continua presente, lúcida e cercada pelo carinho de uma família gigantesca e grata.

Mãe de cinco filhos — quatro deles já falecidos —, vovó Ziza carrega consigo a força de gerações. Sua filha viva, que segue ao seu lado, é testemunha diária da sabedoria silenciosa que ela transmite apenas com o olhar ou com um gesto.

São 33 netos que cresceram ouvindo suas histórias, aprendendo seus valores e se inspirando em sua resiliência. Já os bisnetos… bem, a conta passou dos cinquenta. Como dizem por aí: “perdemos a conta, mas não perdemos o amor”. E os tataranetos já são “muitos”, como ela mesma gosta de dizer com um sorriso maroto no rosto — aquele tipo de sorriso que só quem já viveu tanto é capaz de oferecer.

Vovó Ziza é dessas figuras que parecem eternas, como um pé de gameleira que resiste firme ao tempo, abrigando à sua sombra filhos, netos e vizinhos. Uma mulher que viu o bairro se transformar, as gerações passarem, e ainda hoje representa um elo forte entre o passado e o presente.

Sua história é contada não em livros, mas em conversas de calçada, nas receitas que ela ensinou, nas bênçãos que distribui e no exemplo de dignidade que construiu.

Hoje, essa homenagem é mais do que merecida: é um tributo à sua vida, ao seu legado e à sua importância para o Imbuí e para todos que tiveram o privilégio de conviver com ela.

Obrigada, vovó Ziza. Que sua luz continue nos iluminando por muitos anos.